Recital de Mario Brunello

14 JUNHO

19:00, Sala da Música, Palácio de Monserrate

Programa:

Mieczysław Weinberg, Sonata nº1 para Violoncelo solo, Op. 72

Johann Sebastian Bach, Suite nº2 em Ré menor para Violoncelo solo, BWV 1008

Mieczysław Weinberg, Sonata nº2 para Violoncelo solo, Op. 121

Johann Sebastian Bach, Suite nº1 em Sol maior para Violoncelo solo, BWV 1007

Sinopse:

Na sua primeira vinda ao Festival de Sintra, o aclamado virtuoso do violoncelo Mario Brunello propõe um formato de concerto de cada vez maior raridade: um recital de violoncelo a solo.

O programa contrapõe as obras-primas de J. S. Bach às duas primeiras sonatas do polaco Mieczysław Weinberg, compositor do século XX, propondo um fascinante diálogo entre dois mundos tão distantes, ligados pelo som dum mesmo instrumento.

A música de Weinberg caracteriza-se pelo lirismo contido das suas melodias, fazendo o violoncelo cantar longuíssimas linhas solitárias e sem acompanhamento, alternando momentos de grande energia com passagens em que o ouvinte é convidado à introspeção, audível nas notas e visível na solidão do instrumento que as canta.

É música íntima, concebida para o formato de recital com proximidade entre público e ouvinte, a segunda das quais composta especificamente para Mstislav Rostropovich.

Único sobrevivente de uma família judaica assassinada em campos de concentração nazis, Weinberg viveu entre 1919 e 1996, passando a sua vida na Polónia até à guerra, e depois disso na União Soviética, onde, por ser judeu, também conheceu os calabouços da prisão política de Lubianka, tendo-se salvado graças à intervenção de Shostakovich.

A sua carreira conheceu algum sucesso nos anos 1960, no tempo do degelo político, fruto de algumas colaborações com o cinema de animação, nomeadamente a muito popular banda sonora para a versão soviética de Winnie-the-Pooh.

A sua música está intimamente ligada à história da sua vida, e as sonatas que neste recital se dão a ouvir são de 1960 e 1977, num estilo certamente destinado a menor número de ouvintes do que as composições das quais vivia profissionalmente. De certa forma, pode considerar-se que esta música conta uma parte da sua biografia.

Em contraponto com estas duas sonatas, Mario Brunello propõe ao nosso público a escuta daquelas que são unanimemente reconhecidas como duas das principais obras para violoncelo a solo: as Suites de Johann Sebastian Bach.

As seis Suites que Bach compôs para violoncelo remontam ao período entre 1717 e 1723, quando vivia na cidade de Köthen. Provavelmente concebidas como música destinada à prática e aprendizagem do instrumento num contexto de fruição doméstica, estas obras-primas de criatividade e expansão dos horizontes de um instrumento solista passaram despercebidas durante mais de cem anos, até que o violoncelista alemão Friedrich Grützmacher as redescobriu, já na segunda metade do século XIX, produzindo uma edição moderna e anotada da partitura.

Porém, seria só a partir do século XX, e muito graças ao impulso dado por Pablo Casals, que lhes realizou as primeiras gravações em disco e as tocava frequentemente, que estas Suites se tornaram famosas.

Custa acreditar que o primeiro andamento da primeira Suite, hoje uma das páginas mais facilmente reconhecíveis de Bach e universalmente amadas, tenha passado tanto tempo no esquecimento geral.

Sobre o artista:

Mario Brunello

Mario Brunello é um dos artistas mais multifacetados e requisitados da sua geração. Solista, músico de câmara, maestro e pioneiro do violoncelo piccolo, é o primeiro europeu a vencer o Concurso Tchaikovsky, em 1986. Brunello é um violoncelista de extraordinário talento que equilibra a execução de um repertório abrangente, da música antiga à contemporânea. O estilo de interpretação autêntico e apaixonado de Brunello permitiu-lhe colaborar com os maestros mais conceituados do nosso tempo, como Antonio Pappano, Myung-Wung Chung, Yuri Temirkanov, Zubin Mehta, Ton Koopman, Manfred Honeck, Riccardo Muti, Daniele Gatti, Seiji Ozawa, Riccardo Chailly e Claudio Abbado.

Brunello apresentou-se como solista com muitas das principais orquestras do mundo, incluindo a Sinfónica de Londres, a Filarmónica de Londres, a Filarmónica de Liverpool, a Orquestra de Filadélfia, a Sinfónica de São Francisco, a Sinfónica NHK de Tóquio, a Accademia di Santa Cecilia, a Orquestra Filarmónica da Radio France, a Orquestra Filarmónica de Monte-Carlo, a Filarmónica della Scala, a Filarmónica de Munique e a Orquestra Barroca de Veneza, para citar apenas algumas.

Brunello toca um raríssimo e precioso instrumento da oficina de Giovanni Paolo Maggini, do início do século XVII, ao qual acrescentou nos últimos anos a prática do violoncelo piccolo de quatro cordas.

Os seus registos discográficos têm sido reconhecidos com os mais importantes prémios da indústria e distinções da crítica, somando-se um Diapason d’Or, melhor disco pela BBC Music, um Amadeus d’Or e pontuações de cinco estrelas nas mais importantes publicações, como a Gramophone, Scherzo ou Diapason.