William Christie e Les Arts Florissants

13 JUNHO

19:00, Sala dos Cisnes do Palácio Nacional de Sintra

William Christie, direção musical

Ana Vieira Leite, Aminta, soprano

Shakèd Bar, Filide,  mezzo-soprano

Les Arts Florissants

Programa:

Georg Friedrich Händel:

Sonata em trio em Dó menor, HWV 386a

Dueto de Câmara "No, di voi non vo' fidarmi", HWV 189

Sonata em trio em Si-bemol maior, HWV 388

Aminta e Fillide, HWV 83

Sinopse:

Pela primeira vez no Festival de Sintra, o maestro e figura destacada na música barroca William Christie apresenta-se com o seu agrupamento de referência, Les Arts Florissants, num concerto que promete ser mágico.

Na Sala dos Cisnes do Palácio Nacional de Sintra, um serão com a música de Händel encontrará o enquadramento perfeito para se fazer ouvir.

Numa primeira parte alternando entre a música camerística e um curioso dueto em que brilham a soprano Ana Vieira Leite e a mezzo-soprano Shadèd Bar, o ponto alto da noite chegará com a escuta da cantata pastoral Aminta e Filide.

Embora raramente apresentada, o público amante de Händel poderá notar aqui alguma familiaridade, pois a cantatal, escrita durante a primeira estadia de Handel em Roma em 1708, forneceu o material para várias das suas obras-primas muitos anos mais tarde. Algumas das árias mais famosas de Agripina, Rinaldo e a Ode a Santa Cecília foram literalmente retiradas desta partitura!

A variedade das árias em Aminta e Fillide é verdadeiramente surpreendente. Foi originalmente composta para o Marquês de Ruspoli e a Académie des Arcadiens - um grupo de literatos reunidos sob o patrocínio da Rainha Cristina da Suécia, que gostavam de se reunir no calor do verão romano nos jardins idílicos do Marquês. Durante quase uma hora, a história acompanha em estilo sóbrio os achaques amorosos da pastora Aminta, obstruídos pela relutância da ninfa Fillide, onde a firmeza e a fidelidade de Aminta acabarão por derreter o seu coração.

Sobre os artistas:

William Christie e Les Arts Florissants

Nos seus múltiplos papéis como cravista, maestro, musicólogo e professor, William Christie é o arquiteto de uma das mais notáveis aventuras musicais dos últimos quarenta anos. Pioneiro na redescoberta da música barroca, revelou o repertório francês dos séculos XVII e XVIII a um público muito vasto. A carreira deste músico natural de New Jersey, formado em Harvard e Yale, que vive em França desde 1971, conheceu uma reviravolta decisiva em 1979, quando fundou o grupo Les Arts Florissants.

À frente do seu novo ensemble, William Christie conseguiu estabelecer um estilo característico e inovador como músico e homem de teatro, ao mesmo tempo que explorava um repertório que até então tinha sido largamente negligenciado e esquecido. A produção de Atys de Lully na Opéra Comique em 1987 marcou um verdadeiro avanço no reconhecimento público deste repertório, tanto em França como no estrangeiro.

De Charpentier a Rameau, passando por Couperin, Mondonville, Campra e Montéclair, William Christie continua a ser a principal referência interpretativa na tragédia lírica e na ópera-ballet, o motete e a música francesa da corte. No entanto, o seu apego à música francesa não o impede de explorar outros mundos. As suas interpretações do repertório italiano, como Monteverdi, Rossi, Scarlatti ou Landi, assim como Purcell, Handel, Mozart e Haydn causaram um impacto duradouro.

Continua a trabalhar regularmente na área da ópera e as suas colaborações com alguns dos principais encenadores da atualidade são invariavelmente recebidas como grandes eventos. William Christie aparece frequentemente como maestro convidado em prestigiados festivais de ópera e casas de ópera como Glyndebourne, Metropolitan Opera of New York, Opernhaus Zürich e Opéra National de Lyon. A sua extensa discografia, de mais de uma centena de gravações, que ganharam muitos prémios internacionais, testemunha também a sua rica e intensa realização artística.

Em quase cinquenta anos de atividade, William Christie apresentou ao público várias gerações de cantores e instrumentistas. Muitos diretores de conjuntos barrocos franceses iniciaram as suas carreiras em Les Arts Florissants. Foi professor no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris entre 1982 e 1995 e é frequentemente convidado para dirigir masterclasses, principalmente na Juilliard School of Music, em Nova Iorque, onde é artista residente juntamente com músicos dos Les Arts Florissants.

Em 2002, com o objetivo de alargar o âmbito do seu trabalho pedagógico, fundou com Les Arts Florissants uma academia bienal para jovens cantores, ‘Le Jardin des Voix’; os seus graduados, após uma digressão internacional com Les Arts Florissants, rapidamente embarcam em carreiras de prestígio.

Um apaixonado pela arte dos jardins e da arquitectura paisagista, William Christie criou o ‘Dans les Jardins de William Christie’, um festival que se realiza anualmente desde 2012 na sua propriedade em Thiré, em França. Aí, reúne o grupo Les Arts Florissants, os seus alunos da Juilliard School e os vencedores do prémio Le Jardin des Voix para "passeios musicais" pelos jardins.

William Christie tornou-se cidadão francês em 1995 e tem o título de Grande Oficial da Ordre de la Légion d’Honneur, da Ordre des Arts et Lettres e da Ordre National du Mérite, assim como doutoramentos honorários da State University of New York em Buffalo, da Juilliard School of Music e da Universidade de Leiden na Holanda.

Foi eleito para a Académie des Beaux-Arts em novembro de 2008 e fez o seu discurso inaugural sob a cúpula do Institut de France em janeiro de 2010. William Christie é também membro honorário da Royal Academy of Music de Londres.

Artista de longa data e com um extenso catálogo na harmonia mundi, William Christie mantém uma agenda de gravações preenchida para a editora, seja a tocar cravo ou a liderar os músicos de Les Arts Florissants.

 

Ana Vieira Leite

Vencedora da 10ª edição da “Le Jardin des Voix”, Academia Les Arts Florissants para jovens cantores barrocos, Ana Vieira Leite estreou-se recentemente na Ópera de Paris como Créuse na produção de David McVicar de Médée de Charpentier sob a direção de William Christie.

Outros projetos notáveis com Les Arts Florissants incluem Belinda em Dido e Aeneas de Purcell na Opéra Royal de Versailles, Teatro Real de Madrid e Gran Teatro del Liceu de Barcelona, Dalinda em Ariodante de Handel na Philharmonie de Paris e na Ópera de Versalhes, Eurídice em Orphée et Eurydice de Gluck e O Messias de Händel, ambos na Philharmonie de Paris. Acrescenta-se ainda o papel principal numa nova produção de Partenope de Händel conduzida por William Christie e Paul Agnew numa grande tour internacional.

Ana Vieira Leite tem-se afirmado como uma das jovens cantoras de referência na área da música barroca, atuando com regularidade em concertos por toda a Europa com Leonardo García Alarcón e a sua Cappella Mediterranea e conjuntos como Le Concert de l'Hostel Dieu de Franck-Emmanuel Comte, Concerto 1700 de Daniel Pinteño, Divino Sospiro de Massimo Mazzeo, Los Elementos de Alberto Miguélez Rouco, Músicos do Tejo de Marcos Magalhães, e outros.

Gravou vários discos com Les Argonautes (Purcell: Dido and Aeneas – Aparté), Ensemble Bonne Corde, e outros.

É também co-fundadora e membro do conjunto La Néréide e o seu primeiro disco a solo é dedicado às cantatas de câmara de Domenico Scarlatti.

Ana Vieira Leite formou-se na Haute École de Musique de Genève em 2020 com um mestrado em canto e recebeu o “Prix de la Ville de Genève” pelo seu excelente trabalho. Foi galardoada com o Primeiro Prémio no Concurso Internacional de Canto Barroco de Froville e no Concurso de Canto Lírico da Fundação Rotária Portuguesa.

 

Shakèd Bar

Aclamada pelo New York Times como “uma voz de excecional vivacidade e presença”, Shakèd Bar fez recentemente a sua estreia em Nova Iorque com William Christie, cantando o papel de Fillide em Aminta e Fillide de Händel.

Shakèd Bar estreou-se em 2016 como Fiordiligi em Così fan tutte, de Mozart, na produção do Festival della Valle d’Itria, dirigida pelo Maestro Fabio Luisi. Após o sucesso desta apresentação, foi convidada para cantar a parte de soprano solista do Requiem de Mozart com Fabio Luisi e a Orquestra Internazionale d'Italia.

Em 2019, participa como solista num programa do Festival of Song de Nova Iorque na Juilliard com Steven Blier, intitulado “Kurt Weill’s Berlin”, antes de vencer o Recital de Honra em Artes Vocais da Juilliard no Alice Tully Hall.

Shakèd Bar interpretou ainda o papel de Dido em Dido e Eneias de Purcell, numa produção da Juilliard Opera em Nova Iorque, na Opera Holland Park de Londres e na Ópera Real de Versalhes. Outros papéis incluem Poppea e Nerone em L'incoronazione di Poppea de Monteverdi, Zerlina em Don Giovanni e Serpetta em La finta giardiniera, ambas de Mozart.

Shakèd Bar ganhou ainda o Prémio Memorial Selma e Leon Fishbach de 2016 e a Handel Singing Competition em Londres. Obteve o seu diploma na Academia de Música e Dança de Jerusalém e tem um mestrado em Música pela Juilliard School, onde estudou com Edith Bers. Nos últimos anos, tem-se aperfeiçoado com a conceituada contralto italiana Sonia Prina.